segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Na memória tem o mesmo olhar sobre ele, mas agora percorre outra rua, e a nova porta tem uma chave em forma de coração. Só que, invariavelmente, também na memória, desemboca na mesma mesa de madeira tosca, e sente a superfície irregular onde há marcas de copos e cheiro de histórias de quem sonhou e falou demais. Pensa nas vezes em que o vinho se entornou no meio das palavras, e nos pastéis de massa irrepreensivelmente folhada, saboreados com risos, lágrimas e espantos. E sente as almas iguais, mas os corpos separados por um largo mar e uma dor funda no peito.

Caminha até encontrar um "lugar seguro", onde decide tomar um café expresso, porque a espuma lhe recorda que a vida se desfaz rapidamente. Bom é saboreá-la enquanto dura.

Olha o céu. Fica presente ao brilho das estrelas, antes que seja tarde e as nuvens regressem. Sabe que lá em cima é como cá em baixo - nascemos e morremos a cada instante.

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