quarta-feira, 15 de julho de 2020

Arrumações.

Hoje abri uma caixa há muito tempo guardada. Tem dentro angústias e sonhos, devaneios e perguntas. Tudo válido, mas muitas coisas inúteis.

O passado é um lugar estranho e tão familiar, queremos lembrar e esquecer ao mesmo tempo e à mesma velocidade,

Porque foi bom e não volta.
Porque foi mau e não se evitou.

As páginas abrem-se e escrevi-as  ontem, mas afinal algumas já têm 30 anos,
Os desenhos surgem e vejo os cenários e os actores à minha frente, mas afinal uma larga noite aconteceu nas nossas vidas, foi só um sonho e são antigas como a tinta no papel.

Peguei nas angústias e, sem hesitar, deitei-as ao lixo.

Não me preocupei com os sonhos pois eles são nuvens, estão sempre a passar e a mudar de forma, a maior parte deles não permanece de todo.

Guardei os beijos, o amor e os dias alegres,
Guardei as imagens de ternura,
Vou procurar sustentar a imagem do céu azul por trás de mim,
A pureza com que os meus filhos me viam é um bálsamo eterno, sempre disponível. Valeu. Tudo!

Fechei a caixa e não sei o que vou escrever na etiqueta.