sexta-feira, 22 de março de 2024

Na próxima segunda-feira, dia 25 de Março de 2024, entre as 4:53h e as 9:32h, a Lua passará pela penumbra da Terra e poderemos observar um eclipse lunar. Do ponto de vista astrológico, uma vez que este fenómeno ocorre a 5º de Balança, estando o Sol a 5º de Carneiro, as nossas reflexões terão como base este eixo. O Nodo Sul está em Balança, simboliza o que é conhecido pela alma. O Nodo Norte está em Carneiro, convidando-nos a olhar com mais profundidade para essa maravilhosa energia de fogo. Em Carneiro, orientamos a energia de maneira individual, para encontrar independência, autoconfiança e coragem para lidar com desafios. Em Balança, orientamos a energia de forma a viver com equilíbrio e justiça. A relação deixa de ser só connosco, procuramos relacionamentos harmoniosos e “olhamo-nos ao espelho” através do outro. Quando a luz se esbate e permitimos o silêncio, somos mais verdadeiros e observamos melhor o que está dentro, em detrimento do que circula ruidosamente à nossa volta. É isso que nos pede um Eclipse. Tem coragem para terminar o que já não serve para evoluíres. Abraça o desconhecido, sem medo! Ou com medo, vai na mesma. A tua intuição há de guiar-te rumo a um novo patamar. Lembra-te que a única viagem impossível é a que nunca foi iniciada.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Arrumações.

Hoje abri uma caixa há muito tempo guardada. Tem dentro angústias e sonhos, devaneios e perguntas. Tudo válido, mas muitas coisas inúteis.

O passado é um lugar estranho e tão familiar, queremos lembrar e esquecer ao mesmo tempo e à mesma velocidade,

Porque foi bom e não volta.
Porque foi mau e não se evitou.

As páginas abrem-se e escrevi-as  ontem, mas afinal algumas já têm 30 anos,
Os desenhos surgem e vejo os cenários e os actores à minha frente, mas afinal uma larga noite aconteceu nas nossas vidas, foi só um sonho e são antigas como a tinta no papel.

Peguei nas angústias e, sem hesitar, deitei-as ao lixo.

Não me preocupei com os sonhos pois eles são nuvens, estão sempre a passar e a mudar de forma, a maior parte deles não permanece de todo.

Guardei os beijos, o amor e os dias alegres,
Guardei as imagens de ternura,
Vou procurar sustentar a imagem do céu azul por trás de mim,
A pureza com que os meus filhos me viam é um bálsamo eterno, sempre disponível. Valeu. Tudo!

Fechei a caixa e não sei o que vou escrever na etiqueta.










domingo, 22 de março de 2020

O meu amigo Fernando pediu-me para comentar o mapa astrológico, especialmente a conjunção entre Saturno e Plutão, na China, Wuhan, no dia 11 de Janeiro de 2020, quando foi declarada publicamente a primeira morte por Covid-19.

Sol a 20º de capricórnio - "No estudo de um erudito, um livro coberto de escrita hieroglífica está aberto em um púlpito. Na mesa próxima, há um globo, uma retorta e um cadinho".

Lua a 22º de Caranguejo, em oposição ao Sol, a Mercúrio, a Plutão e a Saturno; a Lua simboliza o inconsciente colectivo, o público, o subconsciente que se reflete no grupo. Oposta a Saturno simboliza limitações e obstáculos a fim de assumir responsabilidades. Oposta a Plutão, simboliza uma completa transformação e a eliminação de velhos padrões.
O sangue que jorra através da água de uma fonte vai alertar o grande rio, a que se juntam outros sangues de outras fontes, que vão dar ao mar.

Saturno está no seu domicílio, a 22º de Capricórnio, estando por isso completamente à vontade para expressar as suas qualidades de dureza, organização implacável, disciplina férrea e estrutura firme. Encontra-se:
- em conjunção ao Sol, durante a qual podem ocorrer eventos difíceis, que exigem firmeza e resiliência, mas que a seu tempo darão bons resultados e tornarão mais forte, neste caso, a comunidade.
- em conjunção a Mercúrio, o que confere necessidade de aplicar sistemas metódicos que permitam (re)organizar e (re)estruturar pensamento e acção. Como Mercúrio é o mensageiro e rege a mente, é através da disciplina mental obrigatória devido à conjuntura difícil e que obriga a novas estratégias, que é passada a mensagem de alerta para que todos possam intervir.
- em conjunção a Plutão: é a conjunção do poder do colectivo por excelência. Estruturas políticas, económicas, sociais, que são todas construídas por humanos e regidas por Capricórnio, que por sua vez é regido por Saturno, sofrem abalos profundos, e muitas delas podem ruir completamente, pois Plutão é o grande demolidor, o que provoca a nossa "descida aos infernos". Como explica Stephen Arroyo sobre os intercâmbios de Saturno/Plutão, "especialmente importantes se um deles rege um signo saliente no mapa, existe anseio de total renascimento e transformação, que pode conduzir a um sentido de segurança interior mais profundo; desejo de trabalhar duramente com o intuito de deixar para trás as obsessões do passado. Necessidade compulsiva de compreender as verdadeiras prioridades, desejos e motivações." 
São duas energias muito fortes de planetas sociais a trabalhar em conjunto para derrubar estruturas tiranas que originam injustiça e desigualdade.

Temos ainda um aspecto muito importante do planeta social Neptuno, a 16º de  Peixes: 
O que está oculto dissemina-se, de uma maneira que não é facilmente controlável, porque não é visível. 
O intuito deste posicionamento é remover barreiras entre os seres humanos.

Em Astrologia, considera-se que entre os graus 15º e 25º de passagem de um planeta por um signo, existe uma força de concentração, de realização, para passar a outro nível. Existe algo a ser potencializado e algo a ser descartado.

Acredito que a ainda vá demorar algum tempo, uma vez que são trânsitos demorados. Saturno fica em Capricórnio até ao fim de 2020, Plutão até ao fim de 2024, e Neptuno permanece na névoa de Peixes até ao fim de Março de 2025. 
O tempo de passagem dos planetas lentos de Terra/Água para Ar/Fogo deverá ser suficiente para os que ficarem conseguirem reorganizar a sociedade de modo a que se torne mais amorosa, mais justa e fraterna.

E Urano, o maravilhoso planeta social que transforma para tornar tudo melhor?
Recordem que na mitologia, deu a origem a Vénus, para grande satisfação de Deuses e Homens. 
Passou a transitar Directo no signo de Touro precisamente no dia 11 de Janeiro de 2020. Touro está ligado à economia e bens materiais, e Urano a transitar por este signo está a impulsionar grandes mudanças nessas áreas. 

Se as Almas se alinham com o Cosmos e se a Morte não é mais do que Vida, penso que a alma que mudou de dimensão e permitiu que se passasse a primeira mensagem nos deixou um importante aviso, alinhado com a grande conjunção Saturno/Plutão:
Agora que as estruturas que tomavam como sólidas e seguras começam a ruir, utilizem construtivamente o vosso conhecimento e o vosso poder!



sexta-feira, 5 de maio de 2017

Em Abril as cerejas ficam à janela para que as admirem. Em Maio, saltam para o cesto e são de quem as apanhar. As favas também escolhem o quinto mês do ano para nos fazerem felizes, especialmente se fizermos sopa com elas. Ou se as misturarmos num puré perfumado de coentros. "Tira a camisa às favas", pede a minha mãe. E eu tiro, sempre a pensar que sem camisa é que é bom. "Sem camisa e com cerejas", digo baixinho, que a minha mãe é surda ou faz-se, ainda não percebi. "Lava as cerejas, que se põe já uma taça delas em cima da mesa". E eu faço tudo o que a minha mãe me diz - aqui em casa, porque fora dela vou apanhar cerejas sem camisa e são favas contadas.

"Concentra-te mulher, olha a hora!"

Toca a campaínha e eles vão chegando. São os beijinhos e as perguntas do costume, frutos que colhemos o ano inteiro, pois ainda aqui estamos todos, prontos para fazer da casa da Mãe o Centro do Mundo. E lá está uma grande taça de cerejas e conversas, que vamos tirando sem parar. A velocidade do pensamento abranda nestas horas de conversa morna e comida boa, é como uma meditação, preciosa para a nossa humanidade, a tal que deve prevalecer sobre o ritmo frenético para o qual nos chama o Mundo. Para não entrarmos em modo permanentemente acelarado, devemos dar espaço e tempo à intimidade. Só assim somos autênticos, que é uma coisa muito bonita de se ser.

Poder sentir e saborear a presença dos que me são tão queridos, a cor e o gosto da fruta madura, as nuvens carregadas no ar de Maio, lembra-me que tudo muda, tudo passa. Só o Amor permanece. E nós, os humanos, precisamos de Amor para aceitar a impermanência das coisas.



(fotografia de Darryl Jones - 500px)

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

A cidade estava a ser despejada de todos os que tinham vindo ocupá-la desde cedo. A Lua já brilhava, anoitecia. Joana levava pela mão o menino, tão pequeno, ainda nos seus quatro anos. Como ele gostava de esticar bem os dedos para mostrar que idade tinha aos que perguntavam!

“Onde está a tua lancheira?”
“Não sei, mamã.”
“Deves pensar que andamos a roubar!”
“O que é roubar, mamã?”
A mãe parou, olhou aquele Amor que era o seu, suspirou e respondeu:
“É quando alguém te tira o que é teu sem pedir...”
E em pensamento:
“Como o teu pai, que me roubou o coração.”
"Eu não tirei-te nada, mamã!"
Joana já tinha lágrimas no rosto, não conseguiu evitar. O pequeno, confuso e aflito, tentava consolá-la,
“Mamã, não chores, vou pedir ao Pai Natal para me trazer outra, ele é meu amigo!”
A mãe sorriu. Estava resolvido, era muito simples. Ela também faria um pedido ao senhor das barbas brancas – que nunca deixasse aquele menino sair de junto dela.

A noite ficou mais densa, os sonhos invadiram mãe e filho, cada um na sua almofada. Ele no país dos brinquedos a conversar com o amigo, ela num lugar encantado do qual não se lembraria no dia seguinte (os adultos esquecem depressa as coisas boas). E, num ápice, chegou a manhã, o pequeno-almoço tomado e uma pequena mancha no canto da boca, pequenina, que Joana se apressou a limpar com o dedo húmido da própria saliva (os adultos são nojentos),
“Despacha-te filho, estamos atrasados!”
Miguel quase voava, com a bata da Escola já vestida,
“Mamã, esta noite conversei com o Pai Natal! Ele tem uma lancheira nova para mim!”
“Igual a esta?”, disse Joana a sorrir, com a lancheira de reserva na mão, já pronta a entrar na mochila.
“Igualzinha!!! Ó mamã, tu és linda! Assim já posso pedir o camião dos bombeiros. Só pode ser um presente, pois é mãe?”
Joana riu e olhou o céu. Contrariava assim o hábito de olhar para o chão, como se carregasse sempre uma pedra gigante às costas. Viu uma nuvem que parecia um coração e sentiu-se, de repente, muito feliz. Talvez o SEU coração não tivesse sido roubado: afinal estava a bater mais depressa, e a promessa de um dia novo parecia-lhe fenomenal! A Esperança faz destas coisas. Tinha-se a ela própria e tinha a sorte de ter por companhia o miúdo mais querido do mundo! Lembrou-se que o Presente é o único momento verdadeiro e não se deve desperdiçar. O Passado já foi, o Futuro ainda vai chegar.

Quando temos coragem de olhar para cima e ver que há um azul imenso, mesmo por trás das nuvens mais negras, voltamos a sentir todas as possibilidades que, a cada instante, a Vida nos dá.

terça-feira, 15 de março de 2016

O que se vislumbrou em Aquário - o que se anteviu, no que se acreditou, o que se profetizou, se previu, do que se duvidou e do que se advertiu - em Peixes torna-se manifesto. Aquelas visões solitárias que, apenas há um mês atrás, pertenciam só ao sonhador, irão agora adquirir a forma e a substância do real. Nós fomos criados por nós, e seremos o nosso próprio fim. E depois de Peixes? Saído do útero, o nascimento ensanguentado. Nós não seguimos: não podemos passar de últimos para primeiros. Carneiro não admitirá um ponto de vista colectivo e Touro não abdicará do subjectivo. O código de Gémeos é exclusivo. Caranguejo procura uma origem, Leão, um objectivo, e Virgem, um desígnio; mas estes são projectos empreendidos isoladamente. Só no segundo acto do zodíaco começaremos a mostrar-nos: em Balança, como uma ideia, em Escorpião como uma qualidade, e em Sagitário, como uma voz. Em Capricórnio, adquiriremos memória, e em Aquário, visão; só em Peixes, o último e mais antigo dos signos do zodíaco, adquirimos uma espécie de individualidade, qualquer coisa integral. Mas o símbolo duplo de Peixes, esse útero reflectido do eu e da consciência de si, é um uróboro da mente - simultaneamente a vontade do destino e a vontade decidida pelo destino - e a casa do desfazer do eu é uma prisão construída por prisioneiros, sem ar, sem portas e coberta de cimento a partir de dentro.

Essas alterações caem em cima de nós, irrevogavelmente, como os ponteiros do relógio caem em cima da hora.


In "Os Luminares" (Eleanor Catton)




Foto: chaosophia218.tumblr.com

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Para ler devagar.

A Vida é um imenso novelo. De corpos, emoções, pensamentos e fenómenos visíveis e invisíveis.

Desenrolamos. As horas, os dias, os séculos.

Enrolamos. As palavras, os gestos, os corpos, as acções, as intuições, as alucinações.

Tornamos tudo num imenso emaranhado.

Gastamos a fibra, cansamos a mente, misturamos as emoções até elas se transformarem em partículas que se espalham pelo Universo...

...para retornarem às almas que vislumbram outras almas. E encontram o fio da meada, desfazem nós, atam o que entretanto se quebrou algures.

Com beijos, com garra, com paciência.

Com o milagre do Amor.

Para viver devagar, e criar outros novelos muito mais bonitos.




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